As amizades são muito importantes para a saúde emocional das crianças.
Um livro publicado em 2006 nos EUA (Children’s Peer Relations and Social Competence: A Century of Progress, algo como, A Relação da Criança com seus Iguais e as Competências Sociais: Um Século de Progresso, ainda sem tradução para o português), comprova que as relações formadas dos 6 meses de idade até a adolescência exercem uma influência muito grande na vida das pessoas, promovendo sentimentos mais positivos e contribuindo para que a pessoa aprenda melhor a administrar problemas na vida.
Um estudo feito na Universidade de Concordia, EUA, também comprovou que “Em longo prazo, as crianças isoladas mostram um aumento do sentimento de tristeza e altos níveis de sentimentos depressivos”, enquanto que “ ter amigos aumenta a capacidade de resiliência (que é a capacidade de lidar com problemas, com conflitos) e protegem as crianças, promovendo o hábito de se falar sobre os próprios sentimentos”.
Se a criança é muito isolada e os próprios pais não se empenham em ajudar a criança a desenvolver amizades, ela pode acumular sentimentos negativos como: o sentimento de solidão, de inadequação social, por não desenvolver habilidades sociais de trocas, de conversa, de solução de conflitos, de expressão de sentimentos, e de egoísmo por não terem a oportunidade de compartilhar suas coisas com outras crianças.
Esse contato entre as crianças desde cedo é que permite que elas desenvolvam características que serão importantes para a felicidade presente delas e para a vida futura. Com o amigo, ela vai aprender a ser sociável, a perder, a consolar, a falar sobre seus sentimentos, a negociar, a se defender, a lidar com frustrações, promovendo o seu crescimento emocional.
As crianças devem, então, ser estimuladas a terem amizades desde o momento em que começam a se desenvolver socialmente. Normalmente é no ambiente escolar que costumam surgir os primeiros laços entre as crianças, mas os pais podem permitir essa aproximação mesmo antes da idade escolar, nos primeiros anos da criança. A partir dos 3, 4 anos, quando a criança já tem alguma autonomia (saber comer sozinha, ir ao banheiro, conseguir ficar algum tempo sem sentir muito a falta dos pais), ela já pode passar, por exemplo, uma tarde na casa de um amigo. Os pais podem convidar outra criança para sua casa a fim de brincar com o filho e promoverem momentos nos quais o filho tenha essa oportunidade de desenvolver uma amizade.
E como saber se são boas as amizades? Os pais podem filtrar tipos de amizades de acordo com suas crenças, princípios e valores e ensinar aos próprios filhos, de acordo com a idade de cada um, a escolherem seus próprios amigos. Ao longo da construção da amizade, é importante que os pais acompanhem os momentos dos filhos com os amigos dando a eles as orientações necessárias para o bom desenvolvimento das relações.
Escrito por Thais Souza, psicóloga clínica, pós-graduada em aconselhamento familiar.