Como foi sua infância?

Que lembrança você tem da sua infância? Quais lugares que você freqüentava marcaram você? Que pessoas que cercavam você foram especiais? Do que você mais gosta de lembrar sobre a sua infância?

Cada pessoa possui lembranças positivas e negativas a respeito dos primeiros anos de vida. Isso é normal. Apesar de associarmos muitas vezes a infância somente a brincadeiras, a amigos e a uma vida mais “leve”, crianças também são sensíveis a eventos difíceis que aconteceram mesmo quando eram pequenas; também sentem tristeza, angústia, medo, apreensão, apesar de nem sempre serem capazes de verbalizar estes sentimentos de maneira clara.

Algumas pesquisas inglesas mostraram os benefícios de recordarmos situações alegres da infância e de, até mesmo, revivermos estas situações, por exemplo, indo a um local onde costumávamos ir quando pequenos, comendo uma comida típica da infância, voltando a ter contato com um amigo (a) com quem compartilhamos bons momentos… revivermos estas situações nos trazem um sentimento de nostalgia, e a nostalgia nos faz sentir que nossa vida possui raízes e continuidade. Além disso, outra consequência positiva das lembranças agradáveis é o sentimento de gratidão pelo que foi possível de ser vivido, pelo que nossos pais nos deram, pelos amigos que tivemos, que, querendo ou não, fizeram parte de quem nós somos hoje em dia.

Mas, ao falarmos sobre infância, o pensamento que vem à mente de outras pessoas pode não ser tão positivo assim, ou até mesmo nada positivo: “tive uma infância muito difícil; não gosto de pensar no que aconteceu” ou “minha vida começou há pouco tempo; nem considero meus primeiros anos como tendo sido realmente de vida!”. E, a nossa tendência pode ser a de, realmente, tentarmos “deletar” da memória aquilo que de ruim aconteceu. Mas, nem sempre conseguimos fazer isto. Podemos querer não lembrar de situações dolorosas que aconteceram na infância, mas mesmo assim elas virem à nossa mente com certa frequência. Podemos não querer repetir comportamentos negativos ou sentimentos difíceis de serem sentidos e que tivemos na infância, e mesmo assim nos pegarmos repetindo as mesmas condutas e ressentindo sofrimentos. E como podemos lidar com as lembranças da infância que nos fizeram mal?

1. Em primeiro lugar, se alguma coisa que aconteceu em sua infância machuca muito você, a solução não é fingir que ela não existiu e fazer de tudo para não pensar nela. É, em primeiro plano, pensar sobre o que aconteceu, se permitir sentir sentimentos que seriam naturais diante do que aconteceu, chorar se necessário, a fim de que a recuperação emocional comece a ser possível. Não há cura enquanto não experimentamos uma dor.

2. Em segundo lugar vem o entendimento de que nem você e nem outra pessoa que porventura tenha feito parte da situação dolorosa, possivelmente tinham estrutura emocional para tomarem atitudes diferentes diante daquela realidade. Talvez você possa se sentir culpado por alguma coisa que aconteceu, mas apesar de hoje você ter esta consciência, naquele momento provavelmente não tinha, e você pode se perdoar por isto. Da mesma forma, pessoas que magoaram você também podem ser perdoadas ao você entender que cada uma delas tinha suas próprias dificuldades pessoais que, apesar de não justificarem certas atitudes, podem nos fazer entender o motivo de terem agido de forma negativa.

3. Em terceiro lugar, é muito importante você se lembrar de que mais importante do que aconteceu com o seu passado é o que você vai fazer, hoje, com isto que aconteceu.

Que lembrança você deseja ter da sua vida atual, quando estiver mais velho? Você é o responsável pela construção da sua vida hoje. O que você está fazendo por ela e por si mesmo? Agindo ativamente para a sua felicidade ou somente sendo passivo a situações do passado? Pense nisto e espero que esta reflexão tenha ajudado você.

Escrito por Thais Souza, psicóloga e pós-graduada em Aconselhamento Familiar.

http://www.psicologiaemcasa.com.br

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