A chegada de um irmão pode ser um momento difícil para o filho mais velho. O ciúme acontece principalmente para o filho até então único, porque desde que ele nasceu teve a atenção dos pais voltada somente para ele. E aí, “de repente” chega outro alguém para dividir com ele a atenção dos pais e da família, o espaço da casa, os brinquedos, e a criança precisará, então, se adaptar a esta nova realidade.
A forma de demonstrar ciúmes pode variar de criança para criança. Algumas, para chamar a atenção dos pais, voltam a falar de forma mais infantil, outras ficam desobedientes com choros e birras, outras se tornam mais agressivas com os próprios pais ou com o irmãozinho, e outras regridem em comportamentos como querer voltar a usar chupeta, mamadeira, dormir no colo, etc. Estas reações são uma forma natural da criança demonstrar aos pais o que está sentindo.
Então, caberá aos pais entenderem este momento da criança e saberem lidar com ela durante este período. O que os pais podem fazer para ajudar a criança a viver este momento?
1. A vinda do irmãozinho deve ser falada para a criança desde o início da gravidez. Não deve ser um evento “surpresa”. Os pais podem explicar para a criança que um neném vai chegar e que vai precisar de um espaço para dormir, de roupas para não sentir frio, de alimento, a fim de que a criança comece a entender as mudanças que acontecerão com a chegada do irmão.
2. Os pais devem permitir que a criança participe da gravidez. Podem permitir que a criança passe a mão na barriga da mãe, que veja um ultrassom, que escolha algo para o quarto do bebê e, depois de nascido, que participe de alguns cuidados como segurar o bebê, ajudar de alguma forma no banho. Mas, é importante que os pais não façam do filho mais velho um “empregado” dos próprios pais ou do próprio irmãozinho pedindo que ele faça muitas coisas além daquilo que é responsabilidade dele.
3. É importante, também, que após o nascimento do irmão, os pais não se esqueçam de que o filho mais velho ainda precisará de sua atenção e separem tempo exclusivo para ele para uma brincadeira ou outra atividade, lembrando que ele continua sendo criança.
4. Por outro lado, alguns pais, na tentativa de fazer com que o filho não sinta nenhum ciúme e pare de ter comportamentos desobedientes por causa do ciúme, começam a permitir que este filho faça tudo o que quiser, como se isto fosse uma “recompensa” por ter que dividir o espaço com o irmãozinho agora e não sofra. Mas, os pais precisam continuar impondo limites para a criança e estabelecendo regras.
Assim que se sentir segura do amor dos pais, valorizada e integrada no novo ambiente familiar, o ciúme diminuirá e a aceitação do irmãozinho será natural.
Escrito por Thais Souza, psicóloga clínica e pós-graduada em aconselhamento familiar.