É comum ouvirmos falar de pessoas que foram abusadas fisicamente e sexualmente. Mas, você sabia que também existe o abuso emocional? Muitas pessoas vivem situações de abuso emocional sem saber que estão sendo vítimas ou que estão sendo os próprios abusadores e que seu comportamento é, sim, um tipo de violência. Conheça algumas características do abuso emocional:
- Uma pessoa está sempre colocando outra “para baixo”, menosprezando-a ou ridicularizando-a.
- Tudo o que a pessoa (vítima) faz é considerado errado, inadequado; tudo é sua culpa e ela sempre ouve frases como “você não sabe de nada”, “você não sabe fazer nada”, “tudo o que você faz não presta”.
- O abusador pode ameaçar a vítima quanto a agressões físicas, a levar os filhos embora, a se separar, a trair, caso a pessoa não faça exatamente o que o outro deseja, como forma de manipulação.
- Geralmente o abusador deixa a vítima com medo através do olhar, de gestos, de voz alta, quebrando coisas dentro de casa, ameaçando fazer escândalos.
- O abusador pode manipular o outro através da dependência financeira: dizendo que não vai mais pagar plano de saúde, médicos, escola dos filhos, remédios, comida ou tudo aquilo que envolve necessidades, caso o outro não se comporte do jeito que o próprio abusador deseja.
- O abuso emocional pode envolver, também, a ridicularização constante do corpo do outro (gordo, magricelo, “pele e osso”, “girafa”, “tampinha”).
- Pode acontecer, também, a ridicularização constante da incapacidade intelectual do outro (chamar o outro de “burro”, “desinformado, “cabeça oca”.
- São feitas comparações constantes e negativas como, por exemplo, “você nunca vai conseguir ser inteligente como a fulana”, “seu corpo nem se compara com o corpo da fulana”.
- O abuso emocional também acontece quando o abusador tem atitudes constantes de censura para com o outro como “não vai ligar a TV”, “não vai sair de casa”, “não vai à igreja”, “não vai ligar para sua família”, em um relacionamento entre dois adultos.
O que acontece é que geralmente a pessoa que agride a outra emocionalmente, quando é repreendida ou questionada acerca de seus comportamentos, nega o problema que tem com frases como: “Ah, fulano é que é sensível demais!” ou “Você não obedece, por isso é que me faz agir assim”, jogando sempre a culpa do seu próprio comportamento na outra pessoa. Têm dificuldade em aceitar que possui um comportamento abusivo e controlador. Por isso, geralmente continua com este tipo de comportamento, principalmente porque, por outro lado, a vítima tende a começar a acreditar no que o outro diz sobre ela. De tanto ser tratada como criança, como inútil, como incapaz, como sem valor, começa a crer que, de fato, ela merece aquele tipo de tratamento, e então o sofrimento passa a ser constante e o ciclo de abuso se instala: o abusador continua abusando e jogando a responsabilidade para cima da vítima, e a vítima acredita que ela tem mesmo que ser tratada daquele jeito e suportar e se sujeitar ao controle do outro.
Para mudar esta situação, a vítima precisa reaprender o seu valor e aprender a tomar certas atitudes para a proteção emocional de si mesma. É isto que veremos no próximo artigo: como se proteger do abuso emocional.
Escrito por Thais Souza, psicóloga clínica, pós-graduada em aconselhamento familiar.