Você costuma tomar o café da manhã, almoçar ou jantar em família?
Alguns anos atrás as refeições eram momentos familiares sagrados nos quais pais e filhos se reuniam à mesa não somente para comer, mas para conversar sobre assuntos do dia. Hoje, se você for na hora do almoço em um shopping, você vai ver um monte de adolescentes comendo sem os pais – e comendo geralmente fast foods. De manhã, cada um acorda em um horário e toma o café da manhã cada um em um momento, e à noite todo mundo está tão cansado que pegam algo para comer e vão comer fazendo outra coisa que dê prazer – para compensar o dia de estudo ou trabalho tumultuado – seja assistindo televisão, estando em frente ao computador ou os filhos nos próprios quartos falando ao telefone com os amigos. Devido a essa nova configuração de vida super agitada, normalmente é assim que as coisas acontecem.
No entanto, gostaria de compartilhar com você algumas pesquisas científicas recentes com relação aos benefícios de a família ter esses momentos de refeição juntos. Veja só. A refeição feita em família:
1. Melhora os hábitos alimentares – o fato de os filhos terem seus momentos de refeição à mesa junto com os pais aumenta a probabilidade de eles terem melhores hábitos alimentares. Um estudo mostrou que as crianças que assistiam televisão durante as refeições tendiam a comer menos vegetais (especialmente os verdes escuros e os amarelos), comida rica em cálcio e grãos, porém consumiam uma grande quantidade de refrigerante comparado com adolescentes que não assistiam televisão durante as refeições. Essa melhora dos hábitos alimentares se dá também pelo fato de, ao tomarem as refeições em família, os pais terem maior controle sobre aquilo que os filhos comem e menos probabilidade de que eles comam fast foods.
2. Proporciona melhor desempenho acadêmico – um estudo feito pelo Project Eat (Projeto Comer) mostrou que as refeições feitas em família estavam associadas com um desempenho escolar mais elevado. Os adolescentes que comem com sua própria família são mais propensos a obter notas escolares mais altas e possuem mais chances de irem para a faculdade. Isso pode estar associado à qualidade da alimentação, que colaboraria, portanto, com o melhor funcionamento cerebral, e com o apoio e interesse dos pais na vida dos filhos e em suas atividades.
3. Reduz comportamentos de risco – um estudo revelou que entre os adolescentes que fazem sexo aos 15 ou 16 anos, mais de 50% são provenientes de lares que não tem o hábito de almoçar e jantar em família. Esta taxa diminui para 32% quando as refeições são feitas em família. Adolescentes que fazem refeições com suas famílias são também menos propensos a pensamentos suicidas, tentativas de suicídio, uso de drogas, envolvimento em roubos e gangues, uso do cigarro e uso do álcool. Uma pesquisa sobre refeições familiares realizada pelo National Center on Addiction and Substance Abuse (CASA), descobriu que aqueles jovens que faziam cinco vezes ou mais por semana as refeições em família eram 50% menos prováveis de se tornarem usuários de tabaco e álcool e por volta de um terço menos prováveis de usar maconha do que aqueles que jantavam com a família apenas duas vezes ou menos na semana. Isto acontece porque o momento da refeição em família proporciona uma manutenção do vínculo familiar, do senso de pertencimento dos filhos para com os pais (eles sabem que pertencem a uma família que os ama) e da oportunidade que os pais têm em falar sobre estes assuntos em momentos de conversa na refeição.
4. Pode equilibrar uma predisposição genética – algumas pesquisas também mostraram que apesar de uma criança ou adolescente poder ter uma predisposição genética, por exemplo, para a agressão, esta predisposição pode não ser desenvolvida quando a família oferece a este filho um ambiente de fortalecimento familiar, de intimidade afetiva, de atenção verdadeira e tempo gasto com verdadeiro interesse em ouvir e estar com este filho. Um estudo de referência focando variantes genéticas moleculares associadas com a delinquência grave, constatou que jovens que não faziam frequentes refeições em família tinham os marcadores genéticos de agressão e obtiveram altos índices de atos de violência. No entanto, os jovens que jantam com sua família seis ou mais vezes por semana e que também tem esses mesmos marcadores genéticos de agressão não se engajaram em comportamentos violentos. As refeições em família proporcionam este ambiente familiar fortalecido e acolhedor.
O que fazer, então?
1. Planeje ter pelo menos uma refeição diária em família.
2. Desligue televisão, celular, computador ou qualquer outra coisa que competirá com a conversa que a própria família pode ter durante a refeição.
3. Procure não resolver problemas familiares neste momento. Aproveite para ter conversas agradáveis e positivas.
4. Peça ao seu filho para compartilhar algo de interessante que aconteceu ou vai acontecer durante o dia.
5. Discuta uma notícia do dia e avalie suas implicações morais ou sociais, de acordo com o vocabulário e entendimento dos filhos, que sirva para o crescimento deles.
Desta forma você poderá fortalecer sua família e o seu contato com seus filhos.
Escrito por Thais Souza, psicóloga clínica, pós-graduada em aconselhamento familiar.
(Informações retiradas do “Ministry International Journal for Pastors” de junho de 2011).